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A inclusão social no Trabalho do Turismo: um estudo sobre os trabalhadores autistas na cidade do Rio de Janeiro

Danilo Fontes | Mestre em Turismo pela UFF



No Brasil houve poucas publicações sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), entretanto o aumento de diagnósticos no Brasil e no mundo desenvolve uma necessidade de estudos e discussões sobre o tema dentro da educação, profissionais e academia. Segundo Talarico et al, “A gravidade do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e sua crescente incidência na população tem gerado preocupações em famílias e profissionais das áreas da saúde e da educação” (TALARICO; 2019; p.3). A demanda de pessoas com espectro autista está aumentando na sociedade, a falta de políticas públicas é reflexo da falta de interesse da sociedade em discutir o tema. Conforme De Oliveira, “No Brasil, por diferentes motivos, as iniciativas governamentais propriamente direcionadas ao acolhimento de pessoas com diagnóstico de autismo desenvolveram-se de maneira tardia” (DE OLIVEIRA, 2017, p. 708). Uma parcela da sociedade possui autismo, a falta de propostas de inclusão social possibilita em prejuízos na sociedade de forma geral.



O objeto do estudo é o mercado de trabalho na área de turismo para pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a inclusão social dos trabalhadores autistas é relevante na garantia de direitos fundamentais como cidadão. No Brasil, a lei n° 12.764/2012 estabelece a Política Nacional do Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (BRASIL, 2012). O tema tem como objetivo de o estudo identificar quais as concepções e a ações de inclusão dos profissionais autistas no ambiente de mercado de trabalho. Avaliar as políticas do ponto de vista dos gestores relacionada ao profissional autista nas organizações. Conforme Talarico et al, “A gravidade do Transtorno de Espectro Autista (TEA) e sua crescente incidência na população tem gerado preocupações em famílias e profissionais da área de saúde e da educação” (TALARICO ET AL, 2019, p. 1). A inclusão social dos trabalhadores autistas na prestação de serviço no turismo do Rio de Janeiro.


A justificativa do trabalho é contribuir para o progresso do conhecimento sobre os trabalhadores autistas no turismo. Segundo Basto e Cepellos, “Ao apresentar novas ações que vêm sendo usadas em organizações para promover a inclusão de pessoas com TEA, este trabalho investiga a compreensão do tema, principalmente no segmento relevante e complexo de diversidade e inclusão de pessoas com TEA” (BASTO, CEPELLOS, 2023, p.2). O trabalho de pesquisa é um estudo exploratório de caráter qualitativo, com base documental de publicações, debruçada na pesquisa de campo de base etnográfica. Com análises de publicações sobre o tema e sua relação com o turismo e trabalho de autistas. O trabalho de base etnográfica baseada em experiências relatadas por profissionais autistas no turismo do Rio de Janeiro, com grupos de discussões da classe trabalhadora de guias de turismo abordando experiências, dilemas e desafios do trabalho.


A pesquisa de base etnográfica com questionário semiestruturado foi realizada com dois guias de turismo que possui em comum o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista, os dois profissionais Patrícia e David autorizaram e publicação das entrevistas no intuito de contribuir com a consciência das pessoas sobre o tema. A Patrícia atua como guia de turismo desde 2017, todavia com um diagnóstico recente de 2021. Já o David trabalha como guia de turismo há pouco tempo. De acordo com Leopoldino (2019):


Atualmente, pode-se afirmar que permanecem fora do escopo de investigação dos pesquisadores brasileiros questões relevantes sobre as dificuldades vivenciadas pelos indivíduos, as necessidades ambientais dos autistas, os mecanismos do suporte de trabalho de pessoas com TEA e sobre políticas públicas relativas à sua inclusão no mercado de trabalho, entre outras possibilidades (LEOPOLDINO, 2015, p. 858).

 

No mercado de trabalho turístico é necessário oferecer um suporte de trabalho favorável para pessoas com TEA, os gestores devem fazer avaliações positivas e ajustes do ambiente de trabalho favorável ao trabalhador com TEA (LEOPOLDINO; 2015; TALARICO; PEREIRA; GOYOS; 2019; BASTO; CEPELLOS; 2023). Com ambiente de trabalho acolhedor, flexibilidade de horário e informação dos gestores e colaboradores.


Os dois entrevistados participam de seminários, congressos e reuniões do trade turísticos ocupando espaços, na disseminação da informação do guia de turismo com TEA para a categoria de classe e trade turístico. Segundo Duarte et al., “Segundo preceitos da inclusão social, é necessário que as próprias pessoas com deficiência digam o que querem e o que precisa ser modificado, e não o que outras pessoas pensam ser melhor para elas” (DUARTE et al.; 2015; p.550). As organizações devem estar preparadas para a política de acompanhamento de pessoas com TEA.


A pesquisa busca sensibilizar as instituições públicas e privadas na inclusão dos trabalhadores com TEA, a criação de leis não vão garantir a inclusão de políticas públicas. As organizações devem realizar treinamentos com equipe de funcionários, realizar avaliação vocacional de trabalhadores com TEA, fornecer um suporte de trabalho para avanço pessoal e sucesso profissional de pessoas com TEA. Segundo Basto; Cepellos, “Com relação às ações para inclusão, destacou-se a importância da Lei de Cotas, não obstante as empresas terem desenvolvido programas de inclusão por causa da influência das matrizes estrangeiras e por uma questão de estratégia de negócios” (BASTO; CEPELLOS, 2023, p.13). As políticas públicas não acabam com os estigmas e estereótipos, o debate público visa esclarecer para diminuir o preconceito do trabalhador com TEA.


Conclui-se que o trabalhador com TEA no turismo ainda depende de políticas públicas para ocupar espaços que são negados, a informação do governo e sociedade poderão ampliar a inclusão do trabalhador com TEA no turismo. Contudo a limitação diretamente ligada a esse tema na academia demonstra uma necessidade de estudos mais aprofundados, principalmente acompanhamento longitudinal de jovens e adultos com TEA, atuação de mercado e políticas públicas de gestores nas empresas de turismo.


 

REFERÊNCIAS

         

BARROS, Luís Eduardo dos S. Turismo e inclusão: A viagem de um Autista. Dissertação de Mestrado Profissional em Turismo. Universidade de Brasília, 2015.

BASTO, Ana Teresa O. da S., CEPELLOS, Vanessa M. Autismo nas organizações: percepções e ações para inclusão do ponto de vista dos gestores. Cad. EBAPE.BR, v.21, n°1, Rio de Janeiro, e-2022-006, 2023.

BRASIL. Política Nacional de Proteção dos Direitos das Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo – (TEA). Brasília, DF; 2012.

BRASIL. Presidência da República. Lei Brasileira de Inclusão. Estatuto da Pessoa com Deficiência. Lei n°13.146. Brasília, julho de 2015.

_____. Lei 12.764/2012. Brasília: Presidência da República, 2012.

DA CONCEIÇÃO, Leon R.; ESCALANTE, Núbia R. de F.; DA SILVA, Francielle M. Autistas no Mercado de Trabalho: Análise sobre as Ações e Práticas Inclusivas. Gest. Contemp, v.11, n.2, p.203-221, nov. 2021.

DE OLIVEIRA, Bruno D. C., FELDMAN, Clara, COUTO, Maria C. V., Lima, Rossano C. Políticas para o autismo no Brasil: entre a atenção psicossocial e a reabilitação. Physis Revista da Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 27 (3) 707-726, 2017.

DUARTE, Donária C., BORDA, Gilson Z., MOURA, Danielle G., SPEZIA, Domingos S. Turismo Acessível no Brasil: um estudo exploratório sobre as políticas públicas e o processo de inclusão das pessoas com deficiência. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo. São Paulo, 9(3), pp. 537-553, set./dez.2015.

LEOPOLDINO, Claudio Bezerra. Inclusão de autistas no mercado de trabalho: uma nova questão de pesquisa. Revista Eletrônica Gestão & Sociedade, v.9, n.22, p. 853-868 Janeiro/Abril – 2015.

LEOPOLDINO, Claudio Bezerra. Cooperação e Antagonismo no Atendimento ao Autismo no Brasil: Mapeamento da Rede de Atores. Revista Interdisciplinar de Gestão Social, v.6 n.2, p.137-154 mai./ago. 2017.

SPINOLA, Grasielly de O. Autismo: o ideal e o real na efetivação da decisão jurisdicional que implementa políticas públicas. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília, v.4, n.1, 2014.

TALARICO, M.V.T da S. Pereira, A.C. dos S., & Goyos, A.C de N. (2019). A inclusão no mercado de trabalho de adultos com Transtorno do Espectro Autismo: uma revisão bibliográfica. Revista Educação Especial, 32 e 119/ 1-19.

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